Nos últimos tempos cada vez mais temos, em nossa clínica, tratado de crianças trazidas pelos pais preocupados ou encaminhadas por professores ou pediatras, com a queixa freqüente: “é desatenta...”, “inquieta...”, “parece estar frequentemente ligada...”, “corre excessivamente de um lado para outro, em situações impróprias...”, “não faz as coisas até o final...”. O impacto do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) se reflete no desempenho escolar, na convivência familiar e na sociabilização desta criança.
Trata-se de um dos transtornos mentais mais freqüentes nas crianças em idade escolar. Os seres humanos, em sua singularidade e diversidade são diferentes uns dos outros, por isso, pais, educadores e médicos devem ter clareza em como diferenciar a vivacidade infantil – indicativa de saúde – da primazia de um comportamento hiperativo e impulsivo.
A principal característica do Transtorno de Déficit de Atenção é a dificuldade em manter a atenção concentrada. Este transtorno tem uma base orgânica relacionada a problemas no funcionamento das áreas corticais pré-frontais; mas, a manifestação deste déficit depende das condições ambientais: dinâmica familiar, fatores emocionais e, ambiente escolar. A impulsividade e a hiperatividade podem acompanhar o déficit de atenção, mas isto não é obrigatório.
Diagnóstico: o diagnóstico de TDAH em crianças deve ser realizado por equipe multiprofissional. É preciso diferenciar crianças que não seguem regras do comportamento opositor das crianças com TDAH. Ao profissional cabe considerar características do sujeito; seu processo de desenvolvimento; a sociedade em que ele vive; seu núcleo familiar; suas necessidades e, em se tratando de psicólogo, avaliar os resultados de testes psicológicos. Assim, ao nosso ver, qualquer diagnóstico implica necessariamente, em uma integração de dados e análise global que permitirão estabelecer um diagnóstico confiável.
Segundo a proposta do DSM IV (1994):
Considera-se apenas o comportamento, como indicativo da síndrome, se o mesmo for mais freqüente na criança em questão, comparativamente à outra da mesma idade mental. Dos quatorze comportamentos arrolados abaixo, no mínimo oito deles devem ter se manifestado por, pelo menos, seis meses:
1. freqüentemente irrequieta com as mãos ou os pés ou contorções no assento (nos adolescentes, pode ser limitado a sentimentos subjetivos de impaciência).
2. tem dificuldade de permanecer sentada quando requerido que o faça.
3. é facilmente distraída por estímulo exterior.
4. tem dificuldade de esperar por sua vez nos jogos ou situações de grupo.
5. freqüentemente dá respostas precipitadas, antes mesmo da pergunta ter sido finalizada.
6. tem dificuldade em seguir instruções (não devido a um comportamento de oposição ou de compreensão das mesmas); por exemplo, falha em terminar as tarefas de casa que lhe são propostas.
7. tem dificuldade de manter a atenção nas tarefas ou nas atividades de jogo.
8. freqüentemente alterna de uma atividade não terminada à outra.
9. tem dificuldade de brincar silenciosamente.
10. com freqüência fala excessivamente.
11. freqüentemente se intromete ou interrompe outros, por exemplo, intromete-se nos jogos de outras crianças.
12. freqüentemente parece não ouvir o que está lhe sendo dito.
13. com freqüência perde os materiais necessários à realização de tarefas ou de atividades na escola ou em casa (por exemplo: brinquedos, lápis, livros, lição de casa).
14. freqüentemente se ocupa em atividades fisicamente perigosas sem considerar possíveis conseqüências (não com propósito de buscar emoções), por exemplo, correr para a rua sem olhar.
A criança Hiperativa:
A hiperatividade se caracteriza por alta atividade corporal, a criança está sempre em movimento; anda correndo; raramente senta-se quieta. Apresenta dificuldade em manter a atenção focada, freqüentemente muda de uma atividade para outra; seu comportamento é imprevisível, com ampla flutuação no desempenho. A criança hiperativa é impulsiva, apresenta dificuldade para esperar uma gratificação; mostra-se irritadiça com baixa tolerância à frustrações; ataques de raiva e comportamento birrento aparecem no seu dia-a-dia, sem causa aparente. Na escola, esta criança pode apresentar dificuldades de aprendizagem por não conseguir concentrar-se no trabalho escolar. A atenção é a base de todo o funcionamento mental, assim um distúrbio atencional primário pode comprometer as demais funções cognitivas: memória, capacidade de raciocínio e julgamento, linguagem, habilidades perceptivas e motoras/ viso-espaciais, funções executivas (planejamento e organização).
Muito bom, Cláu!
ResponderExcluirBeijos!
Gostei muito desta postagem, muito clara a sua colocação. Gostei tanto que já copiei, pode?
ResponderExcluirMH