terça-feira, 31 de julho de 2012

PAULO FREIRE






(19/9/1921 – Recife // 02/05/1997 – São Paulo)



“(...) mais do que um ser no mundo, o ser humano se tornou uma Presença no mundo, com o mundo e com os outros.”

(Freire, P. Pedagogia da Autonomia, 1996, p. 18)



Paulo Freire marcou uma ruptura na história pedagógica do Brasil e da América Latina. Através da criação da concepção de educação popular ele consolidou um dos paradigmas mais ricos da pedagogia contemporânea, rompendo com a educação elitista.

Desenvolveu uma pedagogia crítico-libertadora, em sua proposta, o ato do conhecimento tem como pressuposto fundamental a cultura do educando, não para cristalizá-la, mas como ponto de partida para que ele avance na leitura do mundo, compreendendo-se como sujeito da história. É através da relação dialógica que se consolida a educação como prática da liberdade – mostra um novo caminho para a relação entre educadores e educandos.

Freire dá sua efetiva contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao construir um projeto educacional democrático e libertador, lutando pela superação da opressão e desigualdades sociais. Elege educador e educando como sujeitos do processo de construção do conhecimento mediatizados pelo mundo, visando a transformação social e construção de uma sociedade justa, democrática e igualitária. Seu pensamento e obra é um marco na pedagogia nacional e internacional, representando um dos maiores e mais significantes educadores do século XX.

No livro Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire alinha e discute alguns saberes fundamentais à prática educativo-crítica. Seu projeto educacional contempla a prática da consciência crítica por meio da consciência histórica. Construiu sua teoria do conhecimento com base no respeito pelo educando, na conquista da autonomia e na dialogicidade enquanto princípios metodológicos.

Seguem alguns tópicos sobre seu pensamento:

Formador – assumir-se como sujeito da produção do saber – ensinar não é “transferir conhecimento”, mas criar possibilidades para a sua produção ou sua construção.

Tarefa do educador – ensinar a pensar certo; produzir condições para a aprendizagem crítica; reforçar a capacidade crítica do educando.

Compreender e viver o processo formador.

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Construção e reconstrução do saber ensinado ao lado do educador também sujeito do processo.

Antes de qualquer coisa é preciso conhecer o educando enquanto indivíduo inserido num contexto social. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida.


“Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos.”


Para Paulo Freire, pensar certo implica no respeito à capacidade criadora do educando. É primordial o compromisso do educador com a consciência crítica do educando.

Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa – formação permanente.

Educador / Educando devem assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos.

Ensinar exige criticidade. O exercício educativo tem um caráter formador.

O exercício da criticidade implica na promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica.

Idéia principal de Paulo Freire: qualidade na educação. Para ele qualidade requer esforço contínuo e clareza nas ações políticas, superação de realidade, mobilizações sociais, trabalho em equipe, criticidade, diálogos, ações e re-ações. A qualidade também se refere à qualidade de vida, de amor, de respeito, de humildade, de entendimento cultural, político e social.


“Não temos como falar em qualidade na educação sem refazer o caminho inicial da discussão, a valorização do ser humano enquanto ser ético, da práxis, do conhecimento e das transformações.”


No livro Pedagogia dos Sonhos Possíveis, Paulo Freire diz que nunca foi possível separar a leitura das palavras da leitura do mundo. A educação representa a formação e não treinamento. Educador deve ter uma compreensão crítica e um comprometimento ético de seu papel no mundo – ouvir vozes silenciadas. O educador vivo – clareza política – luta pela criação de um mundo menos discriminatório e mais humano, Freire ressalta o compromisso do educador com a consciência crítica do educando. Para ele, a incompletude envolve o educando num processo de reinvenção contínua do seu contexto social e histórico.

































segunda-feira, 30 de julho de 2012

O PROCESSO DE AMADURECIMENTO PARA D. W. WINNICOTT







O PROCESSO DE AMADURECIMENTO EMOCIONAL DO SER HUMANO



O processo de amadurecimento é a explicitação temporal na forma de etapas, das várias tarefas que a tendência inata ao amadurecimento impõe ao indivíduo ao longo da vida.


Amadurecimento para Winnicott diz respeito à pessoa do homem, seria o processo de integração de vários aspectos da personalidade, não se trata da mente, do intelecto, mas sim daquilo que há de mais pessoal no homem. Assim, usa-se a palavra amadurecimento para designar aquilo que unifica uma pessoa, o que há de mais pessoal nela.


Para o autor, todo ser humano nasce com uma tendência a se integrar, a tornar-se um eu; até o fim da vida há um amadurecimento em curso. As características centrais do amadurecimento seriam a tendência inata à integração e o favorecimento ambiental, sobretudo no início e depois, no decorrer das relações humanas.


A saúde, para Winnicott, consiste em fazer o trajeto partindo do mundo subjetivo chegar à realidade externa sem perder o elo com o mundo subjetivo. Um processo de integração bem-sucedido leva a coexistência e trânsito entre a solidão essencial, a comunicação e encontro com o outro e com a realidade externa.


A ênfase da teoria winnicottiana do amadurecimento pessoal é dada aos estágios iniciais. O elemento diferencial desta teoria é entender tudo o que acontece com o ser humano nos estágios pré-primitivos – período de constituição acontece com o ser humano nos estágios pré-primitivos – período de constituição do PROCESSO DE AMADURECIMENTO


O processo de amadurecimento é a explicitação temporal na forma de etapas, das várias tarefas que a tendência inata ao amadurecimento impõe ao indivíduo ao longo da vida.


Amadurecimento para Winnicott diz respeito à pessoa do homem, seria o processo de integração de vários aspectos da personalidade, não se trata da mente, do intelecto, mas sim daquilo que há de mais pessoal no homem. Assim, usa-se a palavra amadurecimento para designar aquilo que unifica uma pessoa, o que há de mais pessoal nela.

Para o autor, todo ser humano nasce com uma tendência a se integrar, a tornar-se um eu; até o fim da vida há um amadurecimento em curso. As características centrais do amadurecimento seriam a tendência inata à integração e o favorecimento ambiental, sobretudo no início e depois, no decorrer das relações humanas.


A saúde, para Winnicott, consiste em fazer o trajeto partindo do mundo subjetivo chegar à realidade externa sem perder o elo com o mundo subjetivo. Um processo de integração bem-sucedido leva a coexistência e trânsito entre a solidão essencial, a comunicação e encontro com o outro e com a realidade externa.
A ênfase da teoria winnicottiana do amadurecimento pessoal é dada aos estágios iniciais. O elemento diferencial desta teoria é entender tudo o que acontece com o ser humano nos estágios pré-primitivos – período de constituição


Winnicott enfatiza a importância do ambiente saudável que acolha o gesto do bebê em direção à vida. Se o bebê não se desenvolver a partir de sua própria criatividade originária ele pode reagir, perde a espontaneidade (espontaneidade X reatividade). De uma certa forma, no decorrer do seu processo de amadurecimento, apesar da falha ambiental, o indivíduo pode mente e estabelecer uma integração defensiva - o falso si-mesmo - que irá permitir uma relação adaptada com o meio. A esse respeito Dias (2007) esclarece:

Apesar de o processo de amadurecimento não ser linear, algumas conquistas têm pré-requisitos [...] Ou seja, a resolução satisfatória das tarefas de cada estágio depende de ter havido sucesso na resolução dos estágios anteriores. Se ocorre fracasso na resolução da tarefa de uma certa etapa, novas tarefas vão surgindo, mas o indivíduo, não tendo feito a aquisição anterior, carece da maturidade [...] ele pode até resolvê-las, mobilizando a mente e/ou uma integração defensiva do tipo falso si-mesmo, mas, apoiadas em bases falsas, elas não farão parte intrínseca do seu si-mesmo como aquisições pessoais.


A mãe viva, que presta todos os cuidados, possibilita a constituição da temporalidade e da previsibilidade. O ser humano necessita de asseguramento, espaço, tempo e sentido de permanência para a continuidade de ser. Quando o bebê não alcança este encontro global, por meio desses cuidados regulares e previsíveis, fica em estado de alerta. Ocorrendo sucessivas descontinuidades o bebê não consegue mais ir para o estado tranqüilo, podendo desenvolver uma tendência paranóide.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


DIAS, E. A Teoria do Amadurecimento de D. W. Winnicott. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

WINNICOTT, C. & SHEPHERD, R. & DAVIS, M. (Orgs) Explorações Psicanalíticas: D. W. Winnicott. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
Sobre “O uso de um Objeto” (1968, cap. 34, p. 174) in Explorações Psicanalíticas (1994)


WINNICOTT, D. W. O Ambiente e os Processos de Maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983.


______. Natureza Humana. Rio de Janeiro: Imago, 1990.


domingo, 22 de julho de 2012

E AGORA? TÁ DIFÍCIL VIVER.....










POEMA BICARBONATO DE SODA

Álvaro de Campos / Fernando Pessoa


"... Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma
Um deixar cair os braços ao por do sol do esforço....
Renego.
Renego tudo.
Renego mais que tudo.....
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa o cérebro?"



Ao reler o poema de Pessoa penso sobre o sofrimento da alma que acomete tantas pessoas...

A depressão não escolhe idade,poder aquisitivo, gênero, nacionalidade... atinge o ser humano.. chega e instaura-se um vazio.. o vazio do existir...

Inexplicável, difícil de nomear, dar sentido... Como justificar aos outros que perguntam "Mas, por que você está assim?" ou "Você tem tudo... casa, trabalho, família..."

Perguntas que só trazem mais culpa para aquele que sofre.... "não tenho esse direito"...

E a culpa aumenta a dor...

As pessoas não sabem como lidar com um amigo, um familiar que está deprimido.. Não existe uma ressonância da alma.. um raio x qualquer que mostre a ferida, o vazio, o buraco..

A intensidade das emoções a fragilidade do ser remete a Pessoa que com palavras mágicas diz sobre o indizível..

Cuidado, carinho, amor é o que as pessoas deprimidas precisam..

A psicoterapia, aliada ou não a um acompanhamento psiquiátrico, obtem excelentes resultados.

Não dá para cruzar os braços e achar que "...isso passa".

Pode até vir uma melhora espontânea sim, mas é importante descobrir as causas subjacentes ao sintoma uma vez que, se não forem descobertas e tratadas num processo de terapia, os sintomas retornam.. batem à porta... muitas vezes com maior intensidade.


Não podemos minimizar nem banalizar o sofrimento do outro.. que luta dia após dia para sobreviver ao caos interno ...


Fica difícil viver assim..